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Não Julgueis e Não Sereis Julgados: Um Convite à Compaixão e ao Perdão

Em um mundo cada vez mais acelerado e polarizado, onde opiniões são lançadas com facilidade nas redes sociais e julgamentos se espalham com a mesma rapidez de um clique, as palavras de Jesus registradas no Evangelho de Lucas (6:37) ressoam com força renovada:
“Não julgueis, e não sereis julgados; perdoai, e sereis perdoados.”

naojugueis-edited Não Julgueis e Não Sereis Julgados: Um Convite à Compaixão e ao Perdão

Mais do que um conselho moral, essa frase é um chamado à transformação interior — um convite à empatia, à humildade e ao amor genuíno pelo próximo. Mas o que exatamente Jesus quis dizer com isso? E como podemos aplicar esse ensinamento na prática?

O Julgamento: Uma Armadilha Sutil

Julgar é fácil. Basta uma atitude errada, uma escolha diferente da nossa ou um comportamento que consideramos inadequado, e lá está o julgamento — às vezes em pensamento, outras vezes em palavras. Julgar dá uma sensação falsa de superioridade e controle. Mas é uma armadilha.

Quando julgamos o outro sem conhecer sua história, seus medos, suas lutas ou suas intenções, nos colocamos no lugar de algo que não somos: juízes da alma alheia. A frase “não julgueis” nos lembra que todos nós estamos em processo. Ninguém é perfeito. Ninguém vê tudo com clareza. A compaixão nasce justamente quando reconhecemos a complexidade do ser humano e a limitação da nossa visão.

O Perdão: Um Ato de Liberdade

Perdoar não é esquecer, fingir que nada aconteceu ou aceitar abusos. Perdoar é abrir mão do desejo de vingança. É se libertar do peso que o ressentimento coloca sobre nossos ombros.

Jesus afirma: “Perdoai, e sereis perdoados.” Isso não significa que Deus só nos perdoará se perdoarmos os outros, como uma troca. Significa que o perdão é um fluxo: ao experimentarmos o perdão de Deus, somos chamados a repassá-lo. Quando perdoamos, entramos no movimento do amor divino, que cura, restaura e liberta.

Aplicando no Cotidiano

1. Antes de julgar, escute.

Todos carregam uma história. Ouvir com empatia já é um primeiro passo para o não-julgamento.

2. Lembre-se das suas próprias falhas.

Somos rápidos em apontar o erro dos outros, mas relutantes em reconhecer os nossos. A humildade nos protege do julgamento.

3. Pratique o perdão diariamente.

Seja um pequeno erro ou uma grande mágoa, o perdão começa com uma decisão interior. Não é fácil, mas é libertador.

4. Cultive a misericórdia.

No lugar de julgar, escolha acolher. No lugar de condenar, ofereça apoio. A misericórdia é a linguagem de Deus.

Conclusão: Um Novo Olhar para o Outro

Viver sem julgar e com disposição para perdoar é um desafio constante. Mas é também um caminho para a paz — interior e coletiva. Jesus nos convida a trocar a dureza do coração pela ternura, o orgulho pela empatia, a justiça punitiva pela graça.

Em tempos de intolerância e cancelamento, talvez o maior ato de rebeldia espiritual seja esse: não julgar. E perdoar.